Honestamente, existe mãe que, mesmo inconscientemente, nunca cobrou de si mesma a perfeição em relação aos cuidados e criação dos filhos?
Sim, elas tendem a achar que têm obrigação de dar conta de tudo
pessoalmente com 100% de sucesso, seja no trabalho, em casa, nos
cuidados com sua beleza e, lógico, com as crianças! Pois, acredite, esta
normalmente é uma luta inglória – e nem por isso trágica! Acompanhe a
seguir o comentário da psicóloga Cynthia Boscovich sobre a questão, dê
adeus ao sentimento de culpa e viva mais feliz!
“Tenho ouvido com muita frequência a pergunta: ‘o que uma mãe deve
fazer para se tornar perfeita?’. Talvez essa seja a grande busca das
mães. Qual delas nunca teve essa fantasia?
Nossa sociedade cobra perfeição o tempo todo. Temos de ser bons em
tudo, como pessoas e profissionais. Dificuldades e problemas muitas
vezes são fonte de angústias, ansiedade e até depressão.
E as mulheres sofrem cada vez mais cobranças. Estão no mercado de
trabalho, que é extremamente competitivo, e precisam desempenhar suas
funções como donas de casa da melhor maneira possível. Além disso, devem cumprir todas as obrigações que têm como esposas e mães.
Para muitas, a escolha de ser mãe pode vir como fruto dessas cobranças e
quando se dão conta, já estão com o filho nos braços, vivendo as
agruras da maternidade.
Pouco se fala da renúncia, das dificuldades, das angústias
resultantes da cobrança que pode ser externa ou até mesmo interna. E a
culpa caminha ao lado de tudo isso.
Os bebês têm necessidades que precisam ser atendidas por um adulto
para que possam sobreviver e se tornar física e psiquicamente saudáveis.
E esperamos que quem preste esses cuidados seja a mãe, a pessoa mais
apta e preparada para esse papel. Contudo, nem sempre isso é possível,
pois as mulheres de hoje são muito diferentes daquelas de gerações
anteriores. Engravidam mais tarde e têm de aliar essas obrigações a
inúmeras outras, principalmente à profissão.
Mas o que é ter êxito nas funções maternas? No aleitamento, por
exemplo, função destinada exclusivamente às mães, significa estar
presente, colaborar para que o bebê faça uso do seio da forma mais
completa possível, pois este não é só uma fonte de alimento e nutrição.
Essa experiência inclui uma infinidade de benefícios que não contribuem
apenas para o desenvolvimento físico da criança. Um aleitamento materno
bem-sucedido representa também a garantia de sua saúde psíquica. Muitas
vezes, cobranças externas em relação ao aleitamento impedem a mãe de
realizá-lo da melhor maneira, pois ela pode cumprir essa função
exclusivamente para corresponder à expectativa familiar, social e até
mesmo à sua própria, sem perceber que talvez esteja realizando a tarefa
de maneira pouco espontânea ou até mecânica, sem ter prazer com isso.
Talvez amamentar o bebê com mamadeira signifique um alívio para ela e
consequentemente para o filho, que absorve suas emoções como uma
esponja. Ele não entende racionalmente o que estas significam, mas sem
dúvida consegue senti-las desde muito cedo. Vale ressaltar que o
aleitamento materno constitui apenas um exemplo, em termos de cobrança,
entre tantos outros sofridos pelas mães.
Mas como se tornar boa mãe com tantas exigências e obrigações? Na
nossa sociedade, ser “boa mãe” parece sinônimo de “mãe perfeita”. E
lidar com isso não é nada fácil.
Na relação com o bebê, a mãe precisa ser real e estar inteira, pois o
bebê necessita dela assim. O que chamo de uma mãe real, de verdade,
precisa, antes de mais nada, assimilar o fato de não ser boa o tempo
todo, pois afinal de contas é humana. A “mãe boa” precisa falhar, até
mesmo para que o bebê se desenvolva. É claro que as falhas não devem se
tornar o padrão de cuidados – isso seria um desastre psíquico. Mas o que
precisamos ter em mente é que viver a maternidade significa também
aceitar a não perfeição e a inclusão das dificuldades, dúvidas,
angústias, problemas e medos. A “mãe boa” deve também aceitar que não
precisa estar feliz o tempo todo. E isso não quer dizer que ela não
possa ser feliz.
Cabe a cada mãe encontrar a resposta à pergunta formulada no início
deste texto, sobre o que uma mãe deve fazer para ser perfeita. De minha
parte, posso adiantar que o primeiro passo seria: aceitar que ela não
é”.
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