segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

COMO EDUCAR SEU FILHO SEM PRECISAR ENFIAR PORRADA NO MOLEQUE


A criança se sente frustrada, bate o pé e abre o maior berreiro. Tudo deve funcionar a seu bel-prazer e ai de quem a contrariar. Estamos falando de uma criança sem limites, sem noção de certo e errado, que não sabe até onde pode ir e testa.
Os pais, em contrapartida, trabalham fora e acompanham pouco o dia a dia da criança. A escassa convivência deixa lacunas de entendimento em ambas as partes. A criança cobra atenção, os pais desacostumados à demanda pagam com impaciência.

Como educar um filho sem recorrer a castigos, gritos e palmadas?
 
Aqui você encontra um guia com oito lições práticas para os papais de plantão que desejam ensinar os limites a seus filhos.



Lição 1: O tempo passado fora de casa não é justificativa para afrouxar os limites ou mimar demais a criança.

"Existem muitas mães que trabalham fora e sabem dar limites para os filhos, além de providenciarem pessoas substitutas (como babás e avós) que seguem as orientações dos pais para garantir uma educação com limites", afirma a psicóloga Kátia Ricardi de Abreu. "Quantidade não é sinômino de qualidade, o importante é que o tempo dedicado aos filhos seja exclusivo das crianças. Aproveite para perguntar sobre o dia-a-dia delas e interfira sempre que notar algum comportamento errado", complementa a pedagoga Renata Monteiro.



Lição 2: Palmadas e gritos não educam. Prefira o diálogo.

"Palmadas podem parecer o recurso mais eficaz para lidar com a criança, no entanto, costuma refletir a dificuldade dos próprios pais em usar o diálogo", constata Kátia. "Não as recomendo como forma de educar pois agressividade gera agressividade", afirma a psicóloga. Conversar com a criança é o primeiro passo. "Não adianta gritar ou dar palmadas, pois os pequenos gostam de desafiar os adultos e de medir poder com eles. Além disso, podem achar que a repressão é uma falta de amor dos pais", alerta Renata. Mas a conversa precisa ter um tom firme para surtir efeito. "Se o diálogo não for com um conteúdo e um tom firme, a criança vai perceber essa ausência da potência e poderá não acatar as orientações recebidas. Ela só entenderá os limites com o diálogo se este for potente, carregado de amor e firmeza ao mesmo tempo", ensina Kátia.



Lição 3: Diante de um "não" é preciso explicar os motivos à criança.

"As crianças precisam e têm o direito de entender o porquê das proibições, pois só assim ela entenderão que aquele ‘não' ocorre para protegê-la e, portanto, é um ato de amor", garante Kátia. "Mas faça explicações breves e simples - na linguagem da criança", ensina Renata. Se mesmo depois da conversa, ela permanecer sem compreender o motivo da repreensão, uma boa dica é fazê-la se colocar no lugar do outro. "Pergunte o que ela faria se fosse a mãe ou o pai. Trocar de papéis pode ajudar a verificar se ela tem a noção do certo e errado", sugere Kátia.

Já no caso de crianças menores, que não têm condições de compreender as motivações dos pais, "não" é "não" e, "sim" é "sim". "Se a criança está subindo em um lugar perigoso, por exemplo, e não tem a menor noção do que vai acontecer se cair os pais não têm que conversar, têm apenas que dizer ‘desça já daí'", ensina Kátia.



Lição 4: Os pais não devem se desautorizar na frente da criança.

É comum após receber uma repreensão ou proibição de um dos pais, a criança sair correndo para buscar apoio no outro pai. “Nesse caso, os pais devem estar de acordo. E se não estiverem podem conversar em separado sem tirar a autoridade de um dos pais. Se a criança perceber o desacordo, ela tentará manipular e fazer jogos para conseguir o que quer. Além disso, quando os pais se desautorizam, a criança fica confusa com as figuras de autoridade e vai reproduzir estes jogos pela vida afora”, adverte Kátia.



Lição 5: Procure fazer a criança refletir sobre seu comportamento.

Diante de um comportamento errado é importante fazer a criança refletir sobre seu ato a fim de que ele não se repita mais. "Criar um canto do pensamento onde a criança tenha que permanecer por uns poucos minutos pode ajudá-la a compreender porque seus pais estão chateados com seu compartamento", sugere Renata. Kátia acrescenta: "Na maioria das vezes, a criança sozinha não será capaz de refletir sobre seus atos. Ela provavelmente irá pensar em outras coisas. Por isso, esta reflexão deve ser feita em conjunto com os pais, através de uma conversa agradável, onde ambos poderão aproveitar a oportunidade para se aproximarem e manifestarem suas idéias".



Lição 6: Nunca desmereça a criança e sim seu comportamento.

"Esse é um dos maiores erros dos pais. É comum ouvirmos eles chamando seus filhos de crianças más por terem arremessado um brinquedo ao chão, por exemplo, ao invés de repreenderem a ação", constata Renata. Ao dar limites a criança é importante que a mãe não desmereça o filho e sim sua conduta. Ao invés de dizer "você é feio, jogou no chão", diga "é feio jogar no chão, não jogue". Desta forma ela vai ter a pontuação exata para aquilo que fez sem ser desconsiderada. "Se a criança se sentir má, ela irá passar a agir como má, pois é isso que ela acredita que esperam que ela seja", alerta Kátia.



Lição 7: Sempre que possível, dê as regras mas ofereça opções.

"Muitas vezes, os pais podem simular opções à criança que facilitam o acato à regra. Se é hora da criança tomar banho, os pais podem oferecer a opção de banheira ou chuveiro, ou pedir que a criança escolha sua roupa, reduzindo o estresse e impedindo que a criança queira medir poder com os pais", ensina Renata.



Lição 8: Elogie a criança diante de bons comportamentos.

Quando a criança se comporta bem é preciso que esse comportamento seja reforçado pelos pais. "O elogio, o reconhecimento, o carinho positivo é o que constrói uma sociedade cooperativa e saudável", garante Kátia, que lembra: "Limite tem que ser na medida certa, quando as proibições são rígidas demais, o excesso de limite também levará à rebeldia como forma de sobreviver ao abuso de poder", finaliza a psicóloga.

Negar algo à criança nem sempre é fácil. "A entrada da mulher no mercado de trabalho afastou a mãe do contato direto com o filho e dificultou a tomada das rédeas da educação pelos pais", argumenta a pedagoga Renata Monteiro. "Como eles passam a maior parte do tempo fora de casa, sentem medo de dizer ‘não' para o filho e perder seu amor. Os limites, então, passam a ser encarados como proibições e vistos negativamente", explica Renata.

Na vida serão muitas as privações e limites são poderosas ferramentas para minimizar as frustrações futuras. Para a psicóloga Kátia, pais que têm dificuldade de endurecer com os filhos não aprenderam a noção de limites com seus próprios pais: "São gerações onde os limites foram frouxos e isso se torna uma bola de neve". Por isso muitos delegam a tarefa de educar à escola. Para a especialista, a educação dos filhos é responsabilidade dos pais. Escola é complementar.

"Mesmo que passem poucas horas com os filhos, se estas horas são usadas para educar, eles serão modelados de acordo com os valores passados. Ocorre que alguns pais não fazem isso e as razões são muitas: cansaço, medo de perder o amor dos filhos, medo de repreender demais e deixá-los ‘traumatizados'", lista Kátia. A pedagoga Renata concorda: "A escola tem um papel de parceria com a família. Ela ajuda a criança a se autoconhecer, a conviver em grupo, mas se a criança não recebe limites dentro da própria casa, todo o esforço da escola é perdido", adverte.

"Não restam dúvidas de que os limites são fundamentais para que a criança possa conviver em sociedade de forma pacífica e produtiva", garante a psicóloga Kátia Ricardi de Abreu. Segundo ela, os principais problemas sociais e relacionais que assistimos hoje são decorrentes da ausência de limites dados pela família e reforçados pela sociedade, o que torna as pessoas desumanas, "elas não se importam com os sentimentos do outro, não respeitam o outro, estão o tempo todo interessadas na satisfação de seus próprios desejos e necessidades".

Síndrome da mãe perfeita – será o seu caso?

     Honestamente, existe mãe que, mesmo inconscientemente, nunca cobrou de si mesma a perfeição em relação aos cuidados e criação dos filhos? Sim, elas tendem a achar que têm obrigação de dar conta de tudo pessoalmente com 100% de sucesso, seja no trabalho, em casa, nos cuidados com sua beleza e, lógico, com as crianças! Pois, acredite, esta normalmente é uma luta inglória – e nem por isso trágica! Acompanhe a seguir o comentário da psicóloga Cynthia Boscovich sobre a questão, dê adeus ao sentimento de culpa e viva mais feliz!
     “Tenho ouvido com muita frequência a pergunta: ‘o que uma mãe deve fazer para se tornar perfeita?’. Talvez essa seja a grande busca das mães. Qual delas nunca teve essa fantasia?
Nossa sociedade cobra perfeição o tempo todo. Temos de ser bons em tudo, como pessoas e profissionais. Dificuldades e problemas muitas vezes são fonte de angústias, ansiedade e até depressão.
     E as mulheres sofrem cada vez mais cobranças. Estão no mercado de trabalho, que é extremamente competitivo, e precisam desempenhar suas funções como donas de casa da melhor maneira possível. Além disso, devem cumprir todas as obrigações que têm como esposas e mães. Para muitas, a escolha de ser mãe pode vir como fruto dessas cobranças e quando se dão conta, já estão com o filho nos braços, vivendo as agruras da maternidade.
     Pouco se fala da renúncia, das dificuldades, das angústias resultantes da cobrança que pode ser externa ou até mesmo interna. E a culpa caminha ao lado de tudo isso.
     Os bebês têm necessidades que precisam ser atendidas por um adulto para que possam sobreviver e se tornar física e psiquicamente saudáveis. E esperamos que quem preste esses cuidados seja a mãe, a pessoa mais apta e preparada para esse papel. Contudo, nem sempre isso é possível, pois as mulheres de hoje são muito diferentes daquelas de gerações anteriores. Engravidam mais tarde e têm de aliar essas obrigações a inúmeras outras, principalmente à profissão.
     Mas o que é ter êxito nas funções maternas? No aleitamento, por exemplo, função destinada exclusivamente às mães, significa estar presente, colaborar para que o bebê faça uso do seio da forma mais completa possível, pois este não é só uma fonte de alimento e nutrição. Essa experiência inclui uma infinidade de benefícios que não contribuem apenas para o desenvolvimento físico da criança. Um aleitamento materno bem-sucedido representa também a garantia de sua saúde psíquica. Muitas vezes, cobranças externas em relação ao aleitamento impedem a mãe de realizá-lo da melhor maneira, pois ela pode cumprir essa função exclusivamente para corresponder à expectativa familiar, social e até mesmo à sua própria, sem perceber que talvez esteja realizando a tarefa de maneira pouco espontânea ou até mecânica, sem ter prazer com isso. Talvez amamentar o bebê com mamadeira signifique um alívio para ela e consequentemente para o filho, que absorve suas emoções como uma esponja. Ele não entende racionalmente o que estas significam, mas sem dúvida consegue senti-las desde muito cedo. Vale ressaltar que o aleitamento materno constitui apenas um exemplo, em termos de cobrança, entre tantos outros sofridos pelas mães.
     Mas como se tornar boa mãe com tantas exigências e obrigações? Na nossa sociedade, ser “boa mãe” parece sinônimo de “mãe perfeita”. E lidar com isso não é nada fácil.
     Na relação com o bebê, a mãe precisa ser real e estar inteira, pois o bebê necessita dela assim. O que chamo de uma mãe real, de verdade, precisa, antes de mais nada, assimilar o fato de não ser boa o tempo todo, pois afinal de contas é humana. A “mãe boa” precisa falhar, até mesmo para que o bebê se desenvolva. É claro que as falhas não devem se tornar o padrão de cuidados – isso seria um desastre psíquico. Mas o que precisamos ter em mente é que viver a maternidade significa também aceitar a não perfeição e a inclusão das dificuldades, dúvidas, angústias, problemas e medos. A “mãe boa” deve também aceitar que não precisa estar feliz o tempo todo. E isso não quer dizer que ela não possa ser feliz.
Cabe a cada mãe encontrar a resposta à pergunta formulada no início deste texto, sobre o que uma mãe deve fazer para ser perfeita. De minha parte, posso adiantar que o primeiro passo seria: aceitar que ela não é”.

Parto Cesariana